quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

I Seminário Municipal do Pnaic

Nesse dia 04 de dezembro de 2013, durante todo o dia, tivemos as apresentações dos painéis de trabalho do ano letivo finalizando nossa formação do Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa, oferecido pela Secretaria Municipal de Arroio do Sal aos professores do Bloco de Alfabetização: 1º, 2º e 3º ano dos Anos Iniciais.

Minha apresentação foi de "PROJETO DIDÁTICO"  e o painel foi pintado pelos alunos, retratando algumas datas do nosso Almanaque de Turma.

Minha apresentação foi algo emocionada, pois estive bem sensível com a situação dos meus pequenos durante essa últimas duas semanas de trabalho a finalizar, e refletindo sobre a construção do Almanaque da Turma, que foi o trabalho que embasei teoricamente para apresentação, me emocionei muito.
Expostos o material de impressos que utilizei ao longo do trabalho do Almanaque e mais os jogos que confeccionamos na formação e na sala de aula.


Meu trabalho apresentado por escrito:


“Não haverá criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe, pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos.” Paulo Freire (1996)
*Stela Maris da Rosa Dias

            Então chegou o momento final, onde precisamos registrar nossas aprendizagens e nossa prática ao longo do ano de formação continuada, nos ofertado através do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa – Pnaic, pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura do município de Arroio do Sal.       Esse será o relato do nosso trabalho realizado ao longo do ano, para mostrar nossos conhecimentos adquiridos nesse ano de trabalho e formação.
            O trabalho que propomos apresentar nesse final de curso é Projeto Didático.  Conforme caderno de estudos da unidade 06 do Ano 02 “além de favorecer as aprendizagens conceituais, pode propiciar o desenvolvimento das capacidades de organização das crianças [...]”. Apresentando três características principais, segundo Nery (2007, p. 19) citado no texto à página 15:
1.    Produto final que concretiza ações dos estudantes.
2.    Participação das crianças em todas as etapas do trabalho.
3.    Divisão do trabalho com responsabilização individual e coletiva.
            Seguindo minhas considerações, quero relatar minha proposta de projeto aos alunos do 2º ano A-2, turno da manhã, na Escola Municipal Aracy Gomes Valim.
            Propus aos alunos a criação de um Almanaque da Turma, onde antes conversamos na roda sobre tal impresso. Alguns alunos já conheciam o formato em revistas de quadrinhos e falaram do que continha: informações, caça-palavras, liga desenhos, palavras cruzadas, pintar desenhos, desenhar o outro lado, as sombras,... Expliquei então que era um trabalho que trazia todos os meses do ano, datas de comemoração, passatempos, informações, textos, coisas importantes, curiosidades. Os alunos na roda de conversa aceitaram a proposta de criarmos nosso Almanaque da Turma.         Planejei então que começaríamos com uma leitura sobre o que é Almanaque. Trouxe o texto xerografado e colamos no caderno após leitura e conversa.
            Minha proposta da criação do Almanaque deu-se pela necessidade de trabalhar mais especificamente a passagem do tempo com uso do calendário, pois os alunos nessa faixa etária de sete, oito anos ainda não trazem definido cada mês, conforme muda a folhinha, assim como nós, que já sabemos de antemão que, ao término de um mês, vem o outro. Pensei o Almanaque por ser uma forma diferente de registrar conteúdos, escrever e ler individual e coletivamente, produzir conhecimentos novos - acrescentando-os aos já adquiridos - sobre as comemorações e eventos do nosso cotidiano e da nossa localidade, pois essas são atividades diárias e cotidianas que precisam ser realizadas em aula e que os alunos resistem muito às cópias e registros do quadro. E as atividades já prontas através de xérox, não são uma boa tarefa para todos os dias, levando-se em conta que os alunos precisam construir suas próprias autorias, e não atividades prontas, passadas somente para fixar conteúdo ou trabalhar motricidade fina.
            Iniciamos no mês de Julho nosso Almanaque da turma: folhas coloridas para chamar atenção, quadrados e retângulos coloridos e manuscritos, de variadas cores numa mesma folha, onde os alunos precisavam registrar as atividades propostas de ilustração da data, nome do mês, atividade de produção escrita individual e coletiva.
            Nosso Almanaque começou com a Festa do Pescador, evento maior do nosso município, que estava para acontecer durante as férias de inverno. Manuseamos folders, conversamos sobre a história do Arroio do Sal; produzimos peixes-boca-aberta, criamos uma história coletiva, fizemos arte no muro interno e no pátio. Fomos à beira-mar, conversamos com um pescador; produzimos arte em tela artesanal; registramos texto coletivo sobre a Festa; realizamos leitura coletiva e individual dos folders, buscamos o que todos conheciam: letras, imagens, artistas conhecidos.
            Assim foram acontecendo os meses seguintes. Eu selecionava as datas importantes, sempre trazendo essa comemoração para a nossa casa, na escola como é que acontece, e no nosso Município. Buscando datas que fossem de interesse dos alunos, datas diferentes que envolvessem mais curiosidade, chamasse mais atenção, para que assim pudéssemos produzir as atividades necessárias à alfabetização dos alunos, com mais prazer e alegrias!
            No planejamento das datas comemorativas e das atividades a realizar na confecção do Almanaque não houve a participação dos alunos, fiz essa seleção sozinha, diante das necessidades que tinha de trabalhar e consolidar a produção escrita e a leitura, pois a turma não estava muito receptiva à produção da alfabetização. Tudo o que envolvesse trabalhar, escrever, ler, ouvir, atenção, concentração, produção, era motivo de ebulição! Por isso o planejamento foi feito por mim, sem a participação dos alunos.
            Trazendo o caderno de estudos sobre projetos didáticos, referido anteriormente, o texto “Projetos Didáticos: compartilhando saberes, compartilhando responsabilidades”, Barbosa e Horn (2208) ali citados ressaltam que trabalhar com projetos implica considerar o que as crianças já sabem sobre o tema em discussão. Assim, o docente pode propor os temas, os problemas a serem investigados e sugerir produtos a serem elaborados. Partindo dessa ressalva, meu projeto se encaixa dentro da perspectiva de projeto didático, com promoção de aprendizagens significativas e específicas de cada aluno e de toda a turma.
             Uma das atividades que sempre aconteceram primeiro foi uma roda de conversa motivada por leitura - deleite ou conta-gotas - ou informativa, e o primeiro registro no Almanaque foi a ilustração da data, pois os alunos ainda tinham muitas dificuldades de produzirem escrita ou leitura com autonomia, e muito pouco envolvimento com as tarefas de produção escrita,  então foi o modo que encontrei de  levá-los a produzirem primeiro o desenho e depois então o texto, a produção da palavra, ou da frase, ou a leitura coletiva e/ou individual.
         Envolvidos com o Almanaque de Turma, a cada mês trabalhado, cada data comemorada proporcionou a cada aluno uma construção de aprendizagem necessária, no nível em que cada um se encontrava, pois foi possibilitado que produzissem aquilo que davam conta e, provocados, auxiliados, desafiados a crescerem, avançarem em seu processo de construção da alfabetização conforme suas possibilidades.
            Maria Isabel Dalla Zen (2001) diz que o projeto de aprendizagem tem uma visão interdisciplinar de organização do ensino, buscando o estabelecimento de relações entre as áreas temáticas [...] e permite ao professor acompanhar os alunos em processos contínuos, interpretando suas estratégias de raciocínio e as percepções que constroem, [...]. Realmente essa fala cabe perfeitamente ao projeto didático que trabalhamos ao longo desse segundo semestre letivo com minha turma, pois conseguimos entrelaçar as diversas disciplinas dos Planos de Estudos para o 2º ano e visualizar as aprendizagens construídas ao longo do período com todos os alunos da turma, podendo com isso avaliar o caminho percorrido pelos alunos durante o segundo e terceiro trimestres de trabalho em sala de aula.
            Segundo Lerner (2007), no caderno 05 do ano 02, à página 30 “[...] cada situação de leitura responderá a um duplo propósito [...] didático para ensinar certos conteúdos da prática social da leitura, com objetivo de que o aluno possa reutilizá-los no futuro em situações não didáticas [...] e um propósito comunicativo relevante desde a perspectiva atual do aluno.” Em nosso projeto contemplamos variados gêneros textuais através das leituras no projeto Dia da Leitura, de autoria da escola e no projeto Hora da Leitura na Sala, de nossa autoria, que acontecia praticamente todos os dias.
            Os mais variados livros e gêneros foram utilizados ao longo do ano na roda de leitura, para deleite e também para apresentação de conteúdos a trabalhar e consolidar aprendizagens, além do objetivo inicial que foi “prender a atenção da turma para as atividades de escuta e atenção”, necessárias à aquisição da consciência fonológica e a consolidação do sistema de escrita alfabética.  
            Essa variedade de textos permitiu variadas produções de escrita no Almanaque, em cada mês. A cada data comemorativa elegemos um ou mais gêneros para registrar. Citando como exemplos: em janeiro foi a produção manuscrita de cartas, dicas de saúde; em fevereiro foi a lista de fantasias para o carnaval e a letra de música; em março, com o Dia da Escola vieram textos informativos, receita de bolo de aniversário e com o Dia do Circo e da Poesia, muitas leituras de poesias. No mês de abril, com as datas comemorativas do livro vieram fábulas e conto de fadas, biografias e receita; e com o aniversário do Município foi a vez dos gráficos; em maio foi a produção de frase, dicas de livro, poesias e receita; em junho trava-línguas e música temática das festas Juninas. Julho veio com a parlenda e os folders informativos da Festa do Pescador; agosto veio recheado de cultura popular mundial: o que é, o que é?, parlenda, curiosidades; em setembro a leitura de mapas, produção de acróstico, consciência ambiental, jornal. Para outubro os eleitos foram texto informativo com o Estatuto dos idosos, produção de texto descritivo da natureza e cuidado; em outubro trabalhamos perguntas e resposta e lista do supermercado. E para finalizar o Almanaque, chegou dezembro com leitura informativa e história bíblica sobre o nascimento do menino Jesus e a família.
            Foram tantas atividades realizadas ao longo do semestre com a criação do Almanaque e que promoveram muitas construções de leitura e de escrita do mundo de cada um e de toda a turma. Fomos da letra a palavra, da palavra ao texto e voltamos à letra, ao som, ao desenho. E continuamos nessa movimentação no caminho da consolidação da alfabetização, escrevendo, lendo, vendo, desenhando, pintando, buscando, fonetizando a letra, promovendo - ou tentando promover – mais encontros entre os alunos, suas potencialidades e dificuldades, e a construção individual no coletivo da turma!
            Foi um ano de trabalho árduo, garimpado, testando, desafiando, buscando aprender mais para ensinar mais e melhor, a todos e a cada um dos meus alunos. Fica a certeza: muito faltou para alguns, mas para outros foi o tanto que construíram que é imensurável. Avaliado porque é necessário se partir daquilo que o aluno já sabe, que traz e carrega consigo adiante, mas o crescimento é muito mais nosso, enquanto professores que ainda acreditam que a escola é um dos melhores lugares para se estar.
            Para finalizar o presente relato quero deixar mais uma fala de Paulo Freire (1996) “escutar é obviamente algo que vai além da possibilidade auditiva de cada um”.

Professora Licenciada em Pedagogia, regente da turma 2º ano A-2- 2013.


BIBLIOGRAFIA
DEBEUX, Maria Helena Santos e CARVALHO, Ana Beatriz Gomes. Os gêneros textuais na sala de aula e a apropriação de conhecimentos.       
Cadernos do Pnaic, v. 5. MEC, 2012
LEAL, Telma Ferraz e LIMA, Juliana de Melo. Projetos Didáticos:           compartilhando saberes, compartilhando responsabilidades.   Cadernos do Pnaic, v. 6. MEC, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática          educativa. Ed.Paz e Terra, 1996, ed 36ª 2007.
ZEN, Maria Isabel Dalla. Projetos Pedagógicos: Cenas de Sala de Aula. Editora    
Mediação, Porto Alegre, 2001.








Aqui, a minha apresentação formal, emocionada e sustentada pelo minha querida colega e Dinda, Mara Roxo, Vice-diretora da Escola Aracy, e uma aluna do curso de formação ofertado pela Smec, paralelamente ao curso da formação do Pnaic.

Nossa Capa da Revista!


Bloco de Alfabetização da escola Aracy Gomes Valim!

Coordenadora Municipal, professora Simone.


Parceira em tudo! Marina.

Momentos maravilhosos!

Stela, em 05 de dezembro de 2013.

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