Minha apresentação foi de "PROJETO DIDÁTICO" e o painel foi pintado pelos alunos, retratando algumas datas do nosso Almanaque de Turma.
Minha apresentação foi algo emocionada, pois estive bem sensível com a situação dos meus pequenos durante essa últimas duas semanas de trabalho a finalizar, e refletindo sobre a construção do Almanaque da Turma, que foi o trabalho que embasei teoricamente para apresentação, me emocionei muito.
Expostos o material de impressos que utilizei ao longo do trabalho do Almanaque e mais os jogos que confeccionamos na formação e na sala de aula.
Meu trabalho apresentado por escrito:
“Não
haverá criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe, pacientemente
impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que
fazemos.” Paulo Freire (1996)
*Stela
Maris da Rosa Dias
Então
chegou o momento final, onde precisamos registrar nossas aprendizagens e nossa
prática ao longo do ano de formação continuada, nos ofertado através do Pacto
pela Alfabetização na Idade Certa – Pnaic, pela Secretaria Municipal de
Educação e Cultura do município de Arroio do Sal. Esse será o relato do nosso trabalho realizado ao longo do ano,
para mostrar nossos conhecimentos adquiridos nesse ano de trabalho e formação.
O
trabalho que propomos apresentar nesse final de curso é Projeto Didático. Conforme caderno de estudos da unidade 06 do
Ano 02 “além de favorecer as aprendizagens conceituais, pode propiciar o
desenvolvimento das capacidades de organização das crianças [...]”.
Apresentando três características principais, segundo Nery (2007, p. 19) citado
no texto à página 15:
1. Produto
final que concretiza ações dos estudantes.
2. Participação
das crianças em todas as etapas do trabalho.
3. Divisão
do trabalho com responsabilização individual e coletiva.
Seguindo minhas considerações, quero
relatar minha proposta de projeto aos alunos do 2º ano A-2, turno da manhã, na
Escola Municipal Aracy Gomes Valim.
Propus aos alunos a criação de um
Almanaque da Turma, onde antes conversamos na roda sobre tal impresso. Alguns
alunos já conheciam o formato em revistas de quadrinhos e falaram do que
continha: informações, caça-palavras, liga desenhos, palavras cruzadas, pintar
desenhos, desenhar o outro lado, as sombras,... Expliquei então que era um
trabalho que trazia todos os meses do ano, datas de comemoração, passatempos, informações,
textos, coisas importantes, curiosidades. Os alunos na roda de conversa
aceitaram a proposta de criarmos nosso Almanaque da Turma. Planejei
então que começaríamos com uma leitura sobre o que é Almanaque. Trouxe o texto
xerografado e colamos no caderno após leitura e conversa.
Minha proposta da criação do
Almanaque deu-se pela necessidade de trabalhar mais especificamente a passagem
do tempo com uso do calendário, pois os alunos nessa faixa etária de sete, oito
anos ainda não trazem definido cada mês, conforme muda a folhinha, assim como
nós, que já sabemos de antemão que, ao término de um mês, vem o outro. Pensei o
Almanaque por ser uma forma diferente de registrar conteúdos, escrever e ler
individual e coletivamente, produzir conhecimentos novos - acrescentando-os aos
já adquiridos - sobre as comemorações e eventos do nosso cotidiano e da nossa
localidade, pois essas são atividades diárias e cotidianas que precisam ser
realizadas em aula e que os alunos resistem muito às cópias e registros do
quadro. E as atividades já prontas através de xérox, não são uma boa tarefa
para todos os dias, levando-se em conta que os alunos precisam construir suas
próprias autorias, e não atividades prontas, passadas somente para fixar
conteúdo ou trabalhar motricidade fina.
Iniciamos no mês de Julho nosso
Almanaque da turma: folhas coloridas para chamar atenção, quadrados e
retângulos coloridos e manuscritos, de variadas cores numa mesma folha, onde os
alunos precisavam registrar as atividades propostas de ilustração da data, nome
do mês, atividade de produção escrita individual e coletiva.
Nosso Almanaque começou com a Festa
do Pescador, evento maior do nosso município, que estava para acontecer durante
as férias de inverno. Manuseamos folders, conversamos sobre a história do
Arroio do Sal; produzimos peixes-boca-aberta, criamos uma história coletiva,
fizemos arte no muro interno e no pátio. Fomos à beira-mar, conversamos com um
pescador; produzimos arte em tela artesanal; registramos texto coletivo sobre a
Festa; realizamos leitura coletiva e individual dos folders, buscamos o que
todos conheciam: letras, imagens, artistas conhecidos.
Assim foram acontecendo os meses
seguintes. Eu selecionava as datas importantes, sempre trazendo essa
comemoração para a nossa casa, na escola como é que acontece, e no nosso
Município. Buscando datas que fossem de interesse dos alunos, datas diferentes
que envolvessem mais curiosidade, chamasse mais atenção, para que assim
pudéssemos produzir as atividades necessárias à alfabetização dos alunos, com
mais prazer e alegrias!
No planejamento das datas
comemorativas e das atividades a realizar na confecção do Almanaque não houve a
participação dos alunos, fiz essa seleção sozinha, diante das necessidades que
tinha de trabalhar e consolidar a produção escrita e a leitura, pois a turma
não estava muito receptiva à produção da alfabetização. Tudo o que envolvesse
trabalhar, escrever, ler, ouvir, atenção, concentração, produção, era motivo de
ebulição! Por isso o planejamento foi feito por mim, sem a participação dos
alunos.
Trazendo o caderno de estudos sobre
projetos didáticos, referido anteriormente, o texto “Projetos Didáticos: compartilhando saberes, compartilhando
responsabilidades”, Barbosa e Horn (2208) ali citados ressaltam que
trabalhar com projetos implica considerar o que as crianças já sabem sobre o
tema em discussão. Assim, o docente pode propor os temas, os problemas a serem
investigados e sugerir produtos a serem elaborados. Partindo dessa ressalva,
meu projeto se encaixa dentro da perspectiva de projeto didático, com promoção
de aprendizagens significativas e específicas de cada aluno e de toda a turma.
Uma das atividades que sempre aconteceram primeiro
foi uma roda de conversa motivada por leitura - deleite ou conta-gotas - ou
informativa, e o primeiro registro no Almanaque foi a ilustração da data, pois
os alunos ainda tinham muitas dificuldades de produzirem escrita ou leitura com
autonomia, e muito pouco envolvimento com as tarefas de produção escrita, então foi o modo que encontrei de levá-los a produzirem primeiro o desenho e
depois então o texto, a produção da palavra, ou da frase, ou a leitura coletiva
e/ou individual.
Envolvidos
com o Almanaque de Turma, a cada mês trabalhado, cada data comemorada
proporcionou a cada aluno uma construção de aprendizagem necessária, no nível
em que cada um se encontrava, pois foi possibilitado que produzissem aquilo que
davam conta e, provocados, auxiliados, desafiados a crescerem, avançarem em seu
processo de construção da alfabetização conforme suas possibilidades.
Maria Isabel Dalla Zen (2001) diz
que o projeto de aprendizagem tem uma visão
interdisciplinar de organização do ensino, buscando o estabelecimento de relações
entre as áreas temáticas [...] e permite ao professor acompanhar os alunos em
processos contínuos, interpretando suas estratégias de raciocínio e as
percepções que constroem, [...]. Realmente essa fala cabe perfeitamente ao
projeto didático que trabalhamos ao longo desse segundo semestre letivo com
minha turma, pois conseguimos entrelaçar as diversas disciplinas dos Planos de
Estudos para o 2º ano e visualizar as aprendizagens construídas ao longo do
período com todos os alunos da turma, podendo com isso avaliar o caminho
percorrido pelos alunos durante o segundo e terceiro trimestres de trabalho em
sala de aula.
Segundo Lerner (2007), no caderno 05
do ano 02, à página 30 “[...] cada
situação de leitura responderá a um duplo propósito [...] didático para
ensinar certos conteúdos da prática social da leitura, com objetivo de que o
aluno possa reutilizá-los no futuro em situações não didáticas [...] e um
propósito comunicativo relevante desde a perspectiva atual do aluno.” Em
nosso projeto contemplamos variados gêneros textuais através das leituras no
projeto Dia da Leitura, de autoria da escola e no projeto Hora da Leitura na
Sala, de nossa autoria, que acontecia praticamente todos os dias.
Os mais variados livros e gêneros
foram utilizados ao longo do ano na roda de leitura, para deleite e também para
apresentação de conteúdos a trabalhar e consolidar aprendizagens, além do
objetivo inicial que foi “prender a atenção da turma para as atividades de
escuta e atenção”, necessárias à aquisição da consciência fonológica e a
consolidação do sistema de escrita alfabética.
Essa variedade de textos permitiu
variadas produções de escrita no Almanaque, em cada mês. A cada data
comemorativa elegemos um ou mais gêneros para registrar. Citando como exemplos:
em janeiro foi a produção manuscrita de cartas, dicas de saúde; em fevereiro
foi a lista de fantasias para o carnaval e a letra de música; em março, com o
Dia da Escola vieram textos informativos, receita de bolo de aniversário e com
o Dia do Circo e da Poesia, muitas leituras de poesias. No mês de abril, com as
datas comemorativas do livro vieram fábulas e conto de fadas, biografias e
receita; e com o aniversário do Município foi a vez dos gráficos; em maio foi a
produção de frase, dicas de livro, poesias e receita; em junho trava-línguas e
música temática das festas Juninas. Julho veio com a parlenda e os folders
informativos da Festa do Pescador; agosto veio recheado de cultura popular
mundial: o que é, o que é?, parlenda, curiosidades; em setembro a leitura de
mapas, produção de acróstico, consciência ambiental, jornal. Para outubro os
eleitos foram texto informativo com o Estatuto dos idosos, produção de texto
descritivo da natureza e cuidado; em outubro trabalhamos perguntas e resposta e
lista do supermercado. E para finalizar o Almanaque, chegou dezembro com
leitura informativa e história bíblica sobre o nascimento do menino Jesus e a
família.
Foram tantas atividades realizadas
ao longo do semestre com a criação do Almanaque e que promoveram muitas
construções de leitura e de escrita do mundo de cada um e de toda a turma. Fomos
da letra a palavra, da palavra ao texto e voltamos à letra, ao som, ao desenho.
E continuamos nessa movimentação no caminho da consolidação da alfabetização,
escrevendo, lendo, vendo, desenhando, pintando, buscando, fonetizando a letra,
promovendo - ou tentando promover – mais encontros entre os alunos, suas
potencialidades e dificuldades, e a construção individual no coletivo da turma!
Foi um ano de trabalho árduo,
garimpado, testando, desafiando, buscando aprender mais para ensinar mais e
melhor, a todos e a cada um dos meus alunos. Fica a certeza: muito faltou para
alguns, mas para outros foi o tanto que construíram que é imensurável. Avaliado
porque é necessário se partir daquilo que o aluno já sabe, que traz e carrega
consigo adiante, mas o crescimento é muito mais nosso, enquanto professores que
ainda acreditam que a escola é um dos melhores lugares para se estar.
Para finalizar o presente relato
quero deixar mais uma fala de Paulo Freire (1996) “escutar é obviamente algo que vai
além da possibilidade auditiva de cada um”.
Professora
Licenciada em Pedagogia, regente da turma 2º ano A-2- 2013.
BIBLIOGRAFIA
DEBEUX, Maria Helena
Santos e CARVALHO, Ana Beatriz Gomes. Os
gêneros textuais na sala de aula e a
apropriação de conhecimentos.
Cadernos
do Pnaic, v. 5. MEC, 2012
LEAL, Telma Ferraz e
LIMA, Juliana de Melo. Projetos
Didáticos: compartilhando
saberes, compartilhando responsabilidades. Cadernos
do Pnaic, v. 6. MEC, 2012.
FREIRE, Paulo.
Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Ed.Paz e Terra, 1996, ed 36ª 2007.
ZEN, Maria Isabel
Dalla. Projetos Pedagógicos: Cenas de Sala de Aula. Editora
Mediação, Porto Alegre, 2001.
Aqui, a minha apresentação formal, emocionada e sustentada pelo minha querida colega e Dinda, Mara Roxo, Vice-diretora da Escola Aracy, e uma aluna do curso de formação ofertado pela Smec, paralelamente ao curso da formação do Pnaic.
Nossa Capa da Revista!
Bloco de Alfabetização da escola Aracy Gomes Valim! |
Coordenadora Municipal, professora Simone. |
Parceira em tudo! Marina. |
Momentos maravilhosos!
Stela, em 05 de dezembro de 2013.
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